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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Empréstimos sociais batem empréstimos bancários

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Portugal é o exemplo de um país ultra-endividado e com os mais baixos índices de poupança da Europa. A contribuir para esta realidade está o facto das taxas de juros que remuneram os depósitos a prazo serem baixíssimas. O incentivo à poupança não é pois muito apelativo e os produtos financeiros alternativos, que prometem remunerações mais elevadas, têm igualmente associado um risco de perda de capital que prudentemente muitas pessoas evitam.
Com a confiança nos bancos em queda, existe agora a possibilidade de emprestar dinheiro directamente a outras pessoas recebendo em troca uma taxa de juro negociada de comum acordo.

Podemos classificá-los como sites de empréstimos sociais e começam a florescer na internet, colocando em contacto pessoas e empresas que pretendem um empréstimo (mutuários) e outras que estão disponíveis para emprestar mediante o pagamento de juros. Ambos ficam a ganhar porque uns pagam menos juros do que pagariam se fossem pedir emprestado a um banco e os outros recebem mais juros do que receberiam se tivessem o seu dinheiro num depósito a prazo que, nos dias que correm, com os escândalos da banca, deixaram definitivamente de ser uma opção 100% segura para guardar e rentabilizar dinheiro.
Estes sites operam já em vários países da Europa sendo quase certo que mais tarde ou mais cedo o conceito irá chegar a Portugal.

O Zopa é um desses sites de empréstimos sociais que, online de 2005, já mediou empréstimos no valor de 125 milhões de libras! Neste site o emprestador pode escolher o tipo de mutuário a quem pretende emprestar dinheiro. E para diluir o risco, depois de efectuado o depósito do montante que se pretende emprestar, o dinheiro nunca é emprestado a uma só pessoa mas sim a várias de acordo com o tipo de mutuário e risco associado escolhidos. Quem empresta pode ainda consultar informações detalhadas sobre os mutuários e, se assim entender, emprestar directamente a determinada pessoa.
Os mutuários são obrigados a pagar mensalmente prestações, tal como fariam se pedissem emprestado a um banco. Nessas prestações vêm acrescentados os juros. Se não o fizerem, o Zopa pode accionar uma empresa de cobranças difíceis ou até mesmo os Tribunais para recuperar o valor emprestado.
O Zopa cobra 1% pelos valores emprestados.

O Funding Circle é mais recente, tendo desde Outubro de 2010 fornecido empréstimos que já ascendem a mais de 8 milhões de libras. O modo de funcionamento é semelhante ao do Zopa mas aqui os mutuários têm de ser empresas. Quem empresta através do Funding Circle tem a garantia de que o seu dinheiro se destina a empresas com contas auditadas há pelo menos dois anos. As empresas com problemas temporários de tesouraria ou necessitadas de dinheiro para investir e desenvolver o seu negócio colocam os seus pedidos no site e ficam a aguardar propostas de empréstimo que devem incluir a taxa de juro exigida.
O Funding Circle cobra apenas 0,25% de comissão e o retorno do investimento para quem empresta é praticamente igual ao oferecido pelo Zopa.

Surgido igualmente em Outurbo de 2010, o Ratesetter presta um serviço mais anónimo que os outros dois sites anteriores. Ou seja, quem empresta não tem informações sobre o mutuário. Ao contrário do Zopa, que distribui o dinheiro do emprestador por vários mutuários para diluir o risco, o Ratesetter empresta individualmente o dinheiro do emprestador a cada mutuário. O risco aumenta mas por outro lado, e a contar com isso, o site dispõe de um fundo destinado a reembolsos caso o mutuário não cumpra com a sua obrigação. O fundo está de boa saúde e a crescer.

Os sites Yes-Secure e Quakle começaram a funcionar também em 2010 (ano sintomático da crise de confiança no sistema bancário), oferecendo taxas de rentabilidade que podem ultrapassar os 20%! São sites menos formais que os anteriores, que se limitam a anunciar os pedidos de empréstimos dos mutuários. O cariz social destes sites é igualmente superior uma vez que os mutuários expõem os seus problemas e o porquê de necessitarem dos empréstimos. Existe um sistema de classificação da qualidade do mutuário relativamente à forma como cumpriu com as suas obrigações em empréstimos anteriores que pode auxiliar os emprestadores na decisão sobre a quem emprestar.

Parecem não existir bases legais para a promoção deste tipo de empréstimos que constitui igualmente uma oportunidade de negócio para os sites ou empresas que quiserem promover este mercado em Portugal. Por enquanto, mesmo em Inglaterra, onde é mais popular, não está regulado e a quantidade de dinheiro movimentado por estes empréstimos é muito reduzida quando comparada com a dos canais tradicionais, ou seja, os bancos e sociedades de crédito. O facto de estarmos a emprestar dinheiro a pessoas desconhecidas pode ainda trazer alguma relutância na hora de emprestar, apesar de sites como o Zopa ser bastante rigoroso na análise de risco que faz dos mutuários. No entanto, o constante surgimento de novos sites de empréstimos sociais demonstra a popularidade que esta nova forma de financiamento e investimento está a ganhar. Não nos admiraria que fossem os próprios bancos tradicionais, através de empresas e marcas subsidiárias, que começassem eles próprios a investir neste novo nicho de negócio.

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